Consultor Fernando Morgado analisa como o grupo MediaForEurope serve de exemplo para a radiodifusão internacional
A televisão aberta continua sendo um dos pilares mais sólidos do mercado publicitário e da comunicação de massa. O grupo MediaForEurope (MFE), que reúne importantes ativos televisivos na Alemanha, Espanha e Itália, apresentou resultados financeiros que confirmam a força do modelo de TV linear, ou seja, com grade de programação. A capacidade de adaptação e a relevância da televisão aberta seguem firmes, especialmente quando observamos os números expressivos de crescimento nas receitas publicitárias no primeiro semestre: 6,1% na Espanha e 6,8% na Itália.
Esses resultados evidenciam que a TV aberta permanece como um canal essencial para os anunciantes, sendo decisiva para marcas que buscam alcance e credibilidade. Além disso, dados recentes da Nielsen Media Impact destacam que o MFE alcançou 98,6% do público adulto (+15) na Itália em 2023, superando big techs como Google (78,4%) e Meta (71,9%). Isso demonstra que, mesmo em um cenário de competição acirrada com as plataformas digitais, a radiodifusão lidera.
A TV aberta perdeu espaço para as plataformas digitais?
Os números da MFE mostram que a televisão aberta mantém seu papel de destaque. Embora o mercado tenha se diversificado com a ascensão das plataformas de streaming, a TV linear ainda oferece vantagens inigualáveis. Um dos principais pontos é a abrangência: a programação fixa atinge grandes audiências de forma simultânea, algo que as plataformas digitais não conseguem replicar com a mesma eficácia.
Outro fator crucial é a confiança. O público segue vendo a televisão aberta como fonte confiável de informação e entretenimento, o que fortalece sua posição entre os anunciantes. A abordagem da MFE, que valoriza e prioriza a TV linear em suas estratégias, tem sido um diferencial no sucesso do grupo.
Como a TV aberta pode manter sua relevância no futuro?
A TV aberta se mantém relevante ao equilibrar inovação e tradição. O MFE tem mostrado que é possível integrar novas plataformas e formas de consumo de conteúdo sem perder a essência de sua operação linear. Ao contrário de outros players, que relativizam o papel da televisão aberta, o grupo italiano adota uma postura que valoriza sua força e atratividade.
Essa abordagem tem gerado confiança no mercado publicitário e mantém a TV aberta competitiva. O exemplo do MFE demonstra que a televisão linear e as plataformas digitais podem coexistir de maneira complementar, otimizando o alcance e os resultados das campanhas publicitárias.
O que esperar para os próximos anos?
O futuro da TV aberta está diretamente relacionado à sua capacidade de inovação, sem renunciar ao que sempre a tornou única. O MFE mostra que, com uma abordagem focada em valorizar a TV linear, é possível crescer de forma sustentável e relevante. Isso serve de exemplo para outros mercados, como o brasileiro, onde a televisão aberta tem todas as condições de continuar como um dos principais veículos de comunicação e publicidade.
A televisão aberta, especialmente no Brasil, pode seguir fortalecendo sua posição ao investir em conteúdo relevante, cobertura de grandes eventos ao vivo e noticiários de credibilidade. À medida que o setor evolui para abraçar o digital, ele tem todas as condições de continuar sendo essencial no mercado publicitário e na vida de toda a sociedade.
Fernando Morgado é consultor e palestrante com mais de 15 anos de experiência nas áreas de mídia e inteligência de negócios. Atendeu clientes como Band, Grupo Globo e SBT. É Top Voice no LinkedIn e tem livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_