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TV no MS tem mais credibilidade e presença que redes sociais, aponta estudo

Fernando Morgado continua a análise da pesquisa com 30 mil pessoas do governo de Mato Grosso do Sul sobre consumo de mídia

TV no MS tem mais credibilidade e presença que redes sociais, aponta estudo

Recentemente, analisei neste espaço os resultados do rádio em um dos maiores estudos já feitos por um governo estadual sobre consumo de mídia no Brasil. O levantamento, promovido pela Secretaria Executiva de Comunicação do governo de Mato Grosso do Sul, envolveu mais de 30 mil entrevistas realizadas entre 2023 e 2024, cobrindo os 79 municípios do estado.

A base de dados é robusta e inclui regiões que geralmente ficam de fora dos grandes relatórios nacionais. Isso não apenas amplia a representatividade da pesquisa como também oferece mais segurança para o investimento público em mídia e ajuda a esclarecer discussões sobre o papel dos meios na atualidade.

A TV, que tem sido alvo de ataques por parte de falsos profetas do marketing digital, também aparece com destaque nos dados do estudo. Assim como o rádio, ela registrou altos índices de credibilidade e audiência, com um perfil de público que desmente muitos discursos repetidos no mercado.

TV lidera em credibilidade

Em Campo Grande, capital do estado, a televisão é considerada a mídia mais confiável por 74%. Trata-se de um índice expressivo, especialmente se comparado à média de confiança nas redes sociais, que é de apenas 25%. Ou seja, a TV tem quase o triplo da credibilidade desses ambientes digitais que, apesar de muito usados, convivem com altos índices de desinformação.

Essa diferença é relevante para quem investe em comunicação, seja ela pública ou privada. A credibilidade do meio impacta diretamente na forma como o público percebe o conteúdo, inclusive o publicitário. E quando se trata de campanhas que envolvem mobilização social, posicionamento institucional ou prestação de contas, essa confiança é ainda mais relevante.

Consumo intenso e rotina consolidada

Outro dado importante do estudo é o nível de consumo da televisão entre a população de Mato Grosso do Sul. Metade dos entrevistados afirma assistir TV todos os dias e 45% veem televisão por duas ou mais horas diárias. Ou seja, trata-se de um hábito que ocupa lugar central na rotina de centenas de milhares de pessoas.

Essa regularidade é valiosa para quem precisa alcançar públicos com frequência e profundidade. Ela também reforça o papel da TV como formadora de repertório coletivo. Isso é algo difícil de obter em plataformas mais fragmentadas e dirigidas por algoritmos.

O estudo também atesta a renovação da TV no aspecto tecnológico. Quase dois terços (62%) dos telespectadores do interior do estado assistem à programação por meio de Smart TVs. Esse dado mostra que o aparelho tradicional evoluiu e ganhou novas funcionalidades, reforçando a conexão entre as emissoras e o público.

Perfil da audiência da TV se aproxima ao das redes sociais

Um dos argumentos mais usados para minimizar a importância da TV, especialmente a aberta, seria um suposto envelhecimento de seu público. A realidade captada pela pesquisa no Mato Grosso do Sul é diferente. No interior do estado, 12% do público da TV está na faixa de 15 a 19 anos, contra 11% das redes sociais. Entre 20 e 39 anos, a televisão tem 44% do público, contra 48% das redes sociais. Já os idosos representam 15% da audiência da TV, enquanto nas redes sociais esse número é de 13%.

Ou seja, os perfis são muito próximos. Não se trata, portanto, de um meio envelhecido, como alguns dizem, mas de uma mídia que mantém contato com todas as gerações, inclusive as mais jovens. Essa proximidade se repete quando se observa a distribuição por classe social, escolaridade e sexo.

Os dados sobre credibilidade, perfil etário e hábitos de consumo apresentados na pesquisa do governo de Mato Grosso do Sul ajudam a desmontar as narrativas mais repetidas contra a televisão. O meio segue presente na rotina da população, inclusive entre os mais jovens, e combina alcance com capacidade de adaptação tecnológica, como revela o uso crescente de Smart TVs. Ignorar essas evidências é insistir em discursos que os próprios dados já desmentiram.

Fernando Morgado é consultor e palestrante com mais de 15 anos de experiência nas áreas de mídia e inteligência de negócios. É Top Voice no LinkedIn e tem livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_

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