Fernando Morgado analisa a relevância dos canais abertos no consumo de vídeo no Brasil
A Kantar IBOPE Media trouxe um dado que confirma a importância indiscutível da televisão aberta no Brasil: o formato vídeo alcança 99,63% dos lares brasileiros. Nesse cenário, a TV aberta se destaca como a principal fonte de conteúdo de vídeo, mantendo uma relevância que muitas vezes é subestimada por quem aposta em outros meios. Mas o que torna a TV aberta tão forte e resiliente em um mercado que, a cada dia, ganha mais opções de plataformas e formatos?
Por que a TV aberta continua tão relevante?
A TV aberta sempre teve uma relação íntima com os lares brasileiros, sendo acessível a todos, independentemente de classe social ou localização geográfica. Essa capilaridade é um dos fatores chave que garantem sua relevância até os dias de hoje. Diferente de outras plataformas, que dependem de conexões de internet de alta qualidade ou de assinaturas pagas, a TV aberta está ao alcance de todos, oferecendo entretenimento, informação e cultura de forma gratuita.
Além disso, a TV aberta se adaptou aos tempos modernos, integrando-se às novas tecnologias e aproveitando o crescimento das redes sociais para expandir sua presença. Episódios de novelas, jogos de futebol e coberturas jornalísticas que vão ao ar na TV aberta são frequentemente temas de discussões nas redes, amplificando o alcance e a relevância desses conteúdos.
Como a TV aberta se adapta às novas demandas?
Outro ponto crucial para a longevidade da TV aberta é sua capacidade de adaptação. Em vez de ser ofuscada pelas novas tecnologias, a TV aberta as incorpora. Um exemplo claro disso é a interação com o público por meio das redes sociais, onde os telespectadores comentam e compartilham suas opiniões em tempo real. Essa sinergia fortalece a experiência do usuário e cria um ciclo de engajamento que beneficia tanto a TV quanto as plataformas digitais.
A qualidade e a diversidade da programação também são fatores que contribuem para a sustentação da TV aberta. Enquanto os serviços de streaming oferecem uma vasta gama de opções, é na TV aberta que muitos brasileiros encontram conteúdo de alta qualidade, que vai desde o jornalismo imparcial e investigativo até o entretenimento de massa, como novelas e shows de variedades.
O que o futuro reserva para a TV aberta?
O futuro da TV aberta no Brasil é promissor, especialmente considerando que o meio continua a ser a principal fonte de vídeo para a maioria dos brasileiros. A transição para a TV digital, que já foi amplamente realizada, melhora ainda mais a qualidade do sinal, proporcionando uma experiência de visualização superior. Além disso, a TV aberta tem investido em tecnologia 4K e em novos formatos de transmissão, como a TV 3.0, que combina a transmissão tradicional com a interatividade da internet.
Outro ponto importante é o poder de alcance da publicidade na TV aberta. Com a fragmentação das audiências em várias plataformas, a TV aberta oferece aos anunciantes a capacidade de atingir uma vasta audiência de uma só vez, com custos mais acessíveis e resultados comprovados. Isso é especialmente relevante em um mercado como o brasileiro, onde a televisão ainda é o principal meio de comunicação de massa.
A TV aberta pode competir com o streaming?
A competição com as plataformas de streaming é uma realidade, mas a TV aberta tem um diferencial que os serviços de streaming ainda não conseguiram replicar: o senso de comunidade e de pertencimento que programas ao vivo, como novelas e eventos esportivos, proporcionam. Esse sentimento de assistir algo "juntos", em tempo real, é algo que a TV aberta oferece de forma única e que tem grande valor emocional para os telespectadores.
Além disso, a TV aberta tem a vantagem da cobertura ao vivo de eventos nacionais e internacionais, o que continua sendo um grande atrativo para a audiência. Enquanto os serviços de streaming oferecem conteúdo sob demanda, a TV aberta se destaca pela capacidade de conectar milhões de pessoas simultaneamente, criando um impacto social e cultural significativo.
Em suma, a TV aberta no Brasil continua a ser uma força poderosa, adaptando-se às mudanças tecnológicas e às novas demandas dos telespectadores sem perder sua essência. Com uma penetração quase total nos lares brasileiros e uma programação que equilibra excelência e variedade, a TV aberta se mantém como o principal meio de consumo de vídeo no país.
Fernando Morgado é consultor e palestrante com mais de 15 anos de experiência nas áreas de mídia e inteligência de negócios. Atendeu clientes como Band, Grupo Globo e SBT. É Top Voice no LinkedIn e tem livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_