Com crise energética na Europa, rádios a pilha e emissoras com geradores garantiram o acesso da população a informações oficiais
Grandes cidades como Madri, na Espanha, enfrentaram um apagão na segunda-feira (28), o que evidenciou, mais uma vez, a importância do rádio como fonte de informação em situações de emergência. Segundo o colunista Quino Petit, em artigo no jornal El País, o meio radiofônico foi essencial para manter a população informada diante da pane nos sistemas digitais. A falha provocou uma corrida por rádios a pilha, que se tornaram escassos em lojas e bazares. A Espanha já havia vivido situação semelhante durante os temporais que atingiram seu litoral em 2024. Portugal, também afetado, viu o rádio assumir protagonismo no auxílio à população.
De acordo com Petit, o rádio comercial e o público — que juntos alcançam mais de 32 milhões de ouvintes mensais na Espanha — demonstraram novamente sua relevância como serviço público essencial e gratuito, especialmente em momentos de crise.
Um agente da polícia relatou ao colunista que, ao chegar à sede do Senado, após caminhar desde a região de Herrera Oria, viu uma jovem com um rádio a pilha, sentada em um banco ao lado de uma senhora idosa. Ambas acompanhavam as notícias sobre o apagão. O policial também observou que motoristas circulavam com o rádio ligado em alto volume, retransmitindo informações para pedestres.
Como ocorreu durante a tempestade DANA, que afetou a Comunidade Valenciana, e na noite do golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, o rádio voltou a mostrar sua capacidade de transmitir informações essenciais quando outros meios falham. Segundo Petit, milhares de pessoas ficaram sabendo do chamado “corte zero” energético graças às transmissões radiofônicas.
Pouco depois das 18h (horário local), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, fez um pronunciamento oficial, também transmitido pelo rádio. Ele afirmou que ainda não há informações conclusivas sobre a causa do apagão e pediu que a população se informasse apenas por canais oficiais. Garantiu ainda que os hospitais funcionavam com autonomia e que não havia riscos à segurança pública, embora o tráfego aéreo tenha sido reduzido em 20% e o ferroviário paralisado por precaução.
O apagão também provocou uma corrida por rádios portáteis em várias localidades. Em Badalona, uma enfermeira que caminhava com um aparelho foi cercada por pessoas sedentas por informações. Em poucos minutos, lojas esgotaram estoques de rádios, pilhas, lanternas e velas. Em Barcelona, Juan Carlos León, surpreendido pela falta de energia na estação de Sants, comprou um kit de sobrevivência com rádio, fones de ouvido e velas.
Em Alcalá, um morador ligou o rádio do carro em alto volume para que pedestres acompanhassem as notícias — os celulares já não funcionavam por falta de sinal. Em Alicante, o dono da loja Lo Retro Mola colocou um radiocasete a pilha na rua para informar os vizinhos.
Emissoras como a Cadena SER e a RNE (Rádio Nacional da Espanha) mantiveram suas transmissões, divulgando atualizações sobre o apagão e as medidas adotadas pelas autoridades.
Não apenas na Espanha
O blecaute também afetou Portugal e partes do sul da França. Em todos esses locais, as rádios desempenharam papel crucial na manutenção da comunicação com a população. Com a interrupção no fornecimento de energia elétrica, que afetou serviços como transporte, telecomunicações e hospitais, muitos cidadãos ficaram sem acesso à internet e redes móveis.
Nesse cenário , rádios equipadas com geradores de emergência tornaram-se fontes primárias de informação. Em Portugal, a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e suas emissoras associadas seguiram transmitindo atualizações em tempo real, com orientações e boletins.
A resiliência das rádios em momentos de crise reforça seu papel como meio de comunicação confiável, especialmente quando outras tecnologias falham, segundo a imprensa europeia.
Texto com informações do TudoRádio / El País