Consultor Fernando Morgado explica: meio rádio domina nos carros e sinaliza crescimento
No universo das mídias faladas, o rádio mantém uma posição de destaque impressionante. Segundo o relatório "Share of Ear 2023" da Edison Research, nos Estados Unidos, 62% do conteúdo falado consumido em carros provém das frequências FM/AM, superando podcasts, audiolivros e outros formatos. Esses dados não apenas reafirmam a relevância do rádio, mas também apontam para estratégias potenciais para empresários e profissionais do setor.
Em uma era dominada pela digitalização, muitos prognósticos apressados sugeriram que o rádio seria relegado ao passado. No entanto, as estatísticas mostram uma realidade diferente. Com uma participação de 62% no conteúdo falado em veículos, o rádio demonstra não apenas resiliência, mas uma capacidade única de manter sua audiência engajada. O que explica essa preferência duradoura?
A resposta está, por exemplo, na conveniência e na imediatez. O rádio é um companheiro de longa data dos motoristas, oferecendo entretenimento, notícias e informações de trânsito em tempo real, sem a necessidade de interação ou seleção prévia. Esse fluxo constante de conteúdo adapta-se perfeitamente à dinâmica do dia a dia dos ouvintes, especialmente em deslocamentos.
A tecnologia como aliada
Contrariamente à noção de que o rádio está tecnologicamente estagnado, o setor se adapta e evolui. As emissoras de rádio incorporam tecnologias digitais, oferecendo streaming online e aplicativos que complementam a experiência de escuta tradicional. Essa integração entre o analógico e o digital permite que o rádio alcance uma audiência mais ampla e diversificada, estendendo sua presença para além das ondas do FM/AM.
Além disso, a implementação de técnicas de segmentação e análise de dados possibilita que as rádios ofereçam publicidade mais direcionada e eficaz. Para os empresários do ramo, isso significa uma oportunidade de monetizar suas plataformas de maneira mais eficiente, ajustando-se ao comportamento e preferências de seus ouvintes.
O rádio e a concorrência
É indubitável que os podcasts e audiolivros também têm seu lugar ao sol. Com 19% e 13% de participação, respectivamente, esses formatos têm crescido e conquistado espaço no mercado de conteúdo falado. No entanto, o rádio oferece uma experiência única que vai além do conteúdo: ele cria uma conexão comunitária, agindo como uma voz familiar que acompanha os ouvintes, fortalecendo laços com sua audiência de maneira que formatos puramente digitais raramente conseguem replicar.
Este aspecto comunitário do rádio é vital, pois transforma cada transmissão em uma experiência compartilhada. Em momentos de crise ou celebração, o rádio tem o poder de unir as pessoas, proporcionando um senso de normalidade e continuidade que é essencial para muitos durante seus trajetos diários.
Estratégias para o futuro
Para os profissionais do rádio, é essencial não apenas manter a excelência do conteúdo, mas também investir em inovação tecnológica. Isso inclui melhorar a qualidade do sinal, inclusive via streaming, e explorar novos formatos interativos que possam ser integrados à transmissão tradicional.
Além disso, é fundamental que as emissoras de rádio continuem a fortalecer sua presença digital, seja por meio de podcasts próprios, seja ampliando sua atuação nas redes sociais e nos agregadores. Essas plataformas oferecem novas vias para engajar com a audiência, especialmente com os mais jovens, que podem não ter o hábito de usar rádios convencionais.
O rádio é um meio florescente que continua a evoluir e adaptar-se ao ritmo acelerado da modernidade. Para radiodifusores e radialistas, o caminho a seguir é claro: inovar sem perder a essência que faz do rádio, especialmente nos carros, o líder indiscutível.
Fernando Morgado é consultor e palestrante com mais de 15 anos de experiência nas áreas de mídia e inteligência de negócios. É professor da ESPM e Top Voice no LinkedIn. Atendeu clientes como Band, Grupo Globo, SBT e Shoptime. Tem livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_
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