Fernando Morgado analisa o consumo diário de mais de 5 horas de TV aberta no Brasil, destacando a força e relevância desse meio
A televisão aberta continua a ser o meio de comunicação mais poderoso e abrangente no Brasil. Em um cenário onde a tecnologia oferece uma infinidade de opções de entretenimento, a TV linear, com sua programação estabelecida, permanece um pilar central no consumo diário dos brasileiros, sendo a TV aberta o principal meio com esse formato no país.
De acordo com dados de 2023 da Kantar IBOPE Media, os brasileiros assistem, em média, 5 horas e 14 minutos de TV linear por dia. Esse dado indica não apenas a resiliência da TV aberta, principal meio linear, mas também sua capacidade de se manter relevante em meio à crescente oferta de conteúdos on demand.
Como a TV aberta mantém sua relevância?
A força da TV aberta reside em sua capacidade de unir diferentes camadas da sociedade em torno de uma programação comum. Diferente dos serviços de streaming, que demandam acesso à internet e, em muitos casos, assinaturas, a TV aberta está disponível para todos, gratuitamente. Esse alcance universal é um dos principais motivos pelo qual a TV aberta ainda domina o cenário midiático brasileiro, especialmente em áreas onde o acesso à internet é limitado ou caro.
Além disso, a TV linear se destaca pela curadoria de conteúdos. Enquanto plataformas digitais oferecem uma vasta quantidade de opções, muitas vezes deixando o espectador sobrecarregado, a TV aberta proporciona uma seleção cuidadosa e estratégica, construída para atender ao gosto do público. Essa curadoria é crucial para criar uma experiência de entretenimento que seja ao mesmo tempo agradável e prática, eliminando a necessidade de o espectador "procurar" o que assistir.
A TV aberta é um meio de comunicação em declínio?
Embora a indústria da televisão esteja em constante evolução, é um equívoco afirmar que a TV aberta está em declínio. Pelo contrário, os dados mostram que ela se adapta às novas demandas do público e às mudanças tecnológicas. As 5 horas e 14 minutos diários indicam que a televisão tradicional continua a desempenhar um papel central na vida dos brasileiros. Essa permanência se dá pela sua capacidade de oferecer conteúdo ao vivo, como noticiários, eventos esportivos e programas de auditório, que ainda atraem grandes audiências.
A TV aberta também evoluiu para acompanhar a era digital. Muitas emissoras possuem aplicativos e plataformas on-line onde os espectadores podem assistir aos programas ao vivo ou on demand. Essa integração com o digital fortalece ainda mais o meio, ampliando seu alcance e proporcionando novas formas de interação com o público. E vem aí a TV 3.0. Portanto, longe de estar em declínio, a TV aberta demonstra uma capacidade única de adaptação.
Por que a TV aberta continua a ser relevante para os anunciantes?
Outro aspecto que reforça a importância da TV aberta é seu impacto no mercado publicitário. A televisão linear oferece um alcance massivo que é difícil de ser igualado por outras plataformas. Os anunciantes sabem que, ao investir em comerciais de TV, estão garantindo que sua mensagem chegue a milhões de lares em todo o Brasil, algo que ainda é um desafio para outras formas de mídia.
Além disso, a TV aberta permite uma segmentação eficiente, alcançando diferentes públicos-alvo com base em horários e programas específicos. Essa capacidade de atingir diretamente o consumidor certo no momento certo é um dos fatores que mantém a TV aberta como um dos meios preferidos pelos anunciantes. Mesmo com o crescimento das plataformas digitais, a TV linear ainda detém uma fatia significativa do mercado publicitário, demonstrando sua relevância contínua.
O que o futuro reserva para a TV aberta?
O futuro da TV aberta no Brasil parece promissor, especialmente se considerarmos sua capacidade de inovar e se adaptar às novas tecnologias. A convergência com o digital e o aumento da interatividade são caminhos que já estão sendo trilhados e que devem se intensificar nos próximos anos, principalmente através da TV 3.0. Programas ao vivo com interação em tempo real através de redes sociais, por exemplo, são uma tendência que fortalece ainda mais o meio.
Em suma, os dados da Kantar IBOPE Media são uma prova concreta de que a TV aberta ainda tem muito a oferecer ao público brasileiro. Com sua vasta abrangência, capacidade de curadoria e relevância para o mercado publicitário, a televisão aberta continua a ser uma força dominante no cenário midiático nacional. E, ao que tudo indica, essa realidade permanecerá por muitos anos.
Fernando Morgado é consultor e palestrante com mais de 15 anos de experiência nas áreas de mídia e inteligência de negócios. É professor da ESPM e Top Voice no LinkedIn. Atendeu clientes como Band, Grupo Globo e SBT. Tem livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_